terça-feira, abril 22, 2008

A Ilha profetizou


Qual dos deuses do futebol entrou de plantão
Na madruga de sábado para domingo?
Um deus despreparado e insensível
Tornou o céu acinzentado
Deixando a ilha sem cores
Os únicos azuis
Seres molhados
Torcedores apaixonados
No domingo, fomos nós, avaianos
Que esperamos o badalar das horas
Dezesseis marcava o relógio
E um minuto depois
(sessenta segundos)
Esse mesmo deus
Nos enfia goela abaixo
Um “Martini” com gelo
Congelando nossos corações
embebenda nosso sangue
arrepiando nossa pele calejada
Que deus do futebol
Permite o empate no último minuto
(do primeiro tempo)
E impede por quarenta e sete minutos
(do segundo tempo)
Usando a trave
O chute errado
A cabeçada torta
O escorregar do leão?
Dois tempos, do Tempo, esse insensível brincalhão
Que deus do futebol
Deixa o melhor ataque
A melhor defesa
Fora de uma final?
Que torcida singular
Sente em todos os seus poros
A desclassificação do melhor dos melhores
E aplaude a gozação divina?
Mas todos os do céu viram
Assistiram do alto
O sul da ilha voltando pra casa
Leste, norte, oeste
Em caravana silenciosa
Majestosa torcida molhada
Num dia em que a ilha, linda mulher
Profetizou chorando a madrugada inteira
Acordou molhada
Pois ainda chorava
Quem viu lágrimas nos olhos
Dos espectadores?
Nada, ninguém!
A ilha, carinhosa mãe, avaiana
Escondeu o choro de todos nós
Molhando nossas faces com sua chuva
Desde a madrugada
Chorou por (com) nós!

2 comentários:

Sou Avaí disse...

Quem vai entender estes deuses do futebol que de vez em quando aprontam para alguns clubes?

Mas não é pra entender, mesmo...

A tua poesia está excelente. Para alguma coisa a desclassificação do Avaí serviu, para esta tua criação literária.
PArabéns

Valdez

Kk De Paula disse...

Grande Valdez, tu és um grande entusiasta, não perca essa força!
Já estou recuperada para voltar a ressacada no Brasileiro, ninguém cala esse nosso amor!