Conheci o estádio Adolfo Konder, minha casa fica muito
próxima e quase todos os dias eu passava por ali,
muitas vezes fui ver jogos e até mesmo
uma vez entrei para jogar, na época não havia futebol
feminino mas o meu colégio fez um jogo amistoso,
sinceramente não me lembro porque, nunca fui boa em detalhes,
eu lembro sim, dá minha alegria de poder com minhas amigas
entrar no campo do jogo, para nós aquele estádio era
tudo, lindo, magestoso, cheiroso, os eucaliptos perfumavam o campo,
e claro ele simbolizava a nossa "forra", iriamos, sim jogar!
e os rapazes seriam meros expectadores, claro que depois do
jogo, pude perceber que nasci para ser torcedora, nunca jogadora.
Não jogo nada foi minha descoberta nesse dia, acho que eu
deveria ter tentado ser goleira, mas fui para linha, queria
correr, quem sabe no gol eu acharia um pouquinho em meu
sangue do goleiro que foi meu pai, nunca vou saber.
O estádio estava lotado, foi muita gente assitir esse jogo
e claro, nos sentimos artistas em pleno palco.
Nas minhas idas e vindas, ao passar por ali, vi sim,
o bode pastando e nunca esqueço uma casinha de madeira,
que fica dentro do campo, acredito que pertencia a pessoa
que cuidava do campo e do bode.
Escrevo sobre isso, porque o Estádio Adolfo Konder
era pequeno e isso fazia a diferença, podiamos sentir
a respiração da torcida, ouvir o bater dos corações dos jogadores,
sentir o cheiro dos eucaliptos e até
ouvir os vizinhos que participavam da partida.
Hoje, lendo Nelson Rodrigues, uma frase dele
me fez relembrar esse campo:
"E não resisto a tentação de fazer, ainda uma vez mais,
a apologia do campo pequeno.
Ele apresenta vantagens consideráveis:
- antes de mais nada, é lírico, aconchegante e cálido
como um galinheiro. No Maracanã, há entre nós
e o jogo uma distancia irredutível.
Todas as nossa relações com a partida são modificadas.
E, de fato, que espécie de élan, de glorioso espasmo, de furiosa
adesão podemos ter, se tudo é tão vago, longínquo,útopico?
- a distancia desumaniza os fatos, retira
das criaturas todo o seu conteúdo poético e dramático."
Fiquei pensando, imagina se ele, o Nelson, tivesse conhecido
o nosso "pasto do bode", com certeza teria se
apaixonado perdidamente e jamais voltaria
ao Maracanã, viveria aqui na ilha e claro
seria torcedor do time dono desse "campinho"
cheiroso e pequeno.
2 comentários:
Olha só! dona Kátia fazendo revelações, já jogou futebol um dia hem...quem diria.
Beijo
Amiga Baby, que bom que tive o prazer de conhecer esse "Estádio Pequeno", antes de se tornar um Shopping. Quando vi a foto veio em minha memória como ele era. E quando li, então, foi muito encantador. Emocionei-me! Voltei no tempo e como me lembrei dele. Nessa tua história de vida, ainda tivesse o prazer de jogar naquele gramado.
Vou repetir: Minha Amiga Baby, você é incrivelmente DEMAIS!
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